André Urani

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Não é só uma faculdade, você não está preso na fronteira da sua disciplina, você pode intera gir com pessoas que enxergam o mundo com lentes diferentes, com olhos diferentes.

André Urani formou-se em economia em 1982 na PUC-Rio e logo ingressou no mestrado também em economia na universidade. Durante os seis anos que “viveu” no campus, cursou seis períodos de Comunicação Social, criou o Centro Acadêmico de Economia e participou do Diretório Central dos Estudantes – DCE. Em 1979, quando começou o curso de economia, o Brasil vivia um processo de abertura política, a economia entrava em crise e a inflação era alta no país. Todas estas questões eram discutidas em sala de aula, Urani conta que ingressou na PUC em um momento mágico:

– Era um momento em que aquelas ideias que estavam sendo produzidas dentro de sala acabaram sendo muito importantes para o país – lembrou.

Urani começou a cursar Economia motivado por todo o contexto da época, sentia que no Brasil tinha muita coisa por fazer e “de alguma forma poderia participar, se envolver, entender, fazer parte daquele processo todo”. Segundo o economista, naquele momento a PUC-Rio se transformava em um centro de referência para reflexão dos principais problemas que atingiam o Brasil no período:

– Ali foram imaginadas muitas das soluções que foram implementadas nos anos seguintes. Em vez de ficar pensando em questões de desenvolvimento, ficava pensando em questões ligadas à crise, à estabilização – recordou.

Urani contou que em uma de suas aulas, assistiu ao professor André Lara Resende "dar o estalo" e soltar pela primeira vez a ideia da moeda indexada que acabou sendo a base do Plano Real. A sensação de Urani era ir para a sala de aula participar de um seminário, “de estar dentro de um caldeirão de coisas que tinham importância”, e para ele isso era muito estimulante.

Alguns professores se tornaram seus amigos até hoje, Carlos Plastino é um exemplo. Na graduação, os professores José Marcio Camargo, Francisco Lopes, Andre Lara Resende e Pedro Malan foram para ele um privilégio, “uma sorte grande ter tido aula com eles”:

– Foi onde eu moldei, graças aos meus mestres, uma forma de atuação na vida profissional – falou Urani.

O economista conta que ajudou a fundar o Centro Acadêmico de Economia na PUC, que na época era junto com o curso de Administração. Segundo Urani, foi uma reação ao pessoal da gestão do C.A na época, que era ligado ao partido comunista. O grupo que administrava o C.A tinha um discurso politizado, e que em sua opinião “não tinha nada a ver com a vida ali”:

– Aos poucos fomos ganhando o respeito dos professores, toda semana realizávamos debates, cursos, e até o conteúdo de currículo era discutido com os professores – disse Urani.

Com base na experiência que teve com o Centro Acadêmico de Economia, André Urani também fez parte do Diretório Central dos Estudantes, o DCE, com a chapa “Simbora” – o nome da chapa foi inspirado no álbum S´imbora de Wilson Simonal. Urani falou que sua gestão no DCE visava a ações que tinham a ver com a vida na universidade, e não a questões externas como a luta contra a ditadura:

– Não que estas questões não fossem importantes, mas não era ali o local para discutir. Queríamos focar na qualidade de ensino, naquilo que era oferecido na universidade mesmo. A gente queria poder contribuir para aquilo ali – completou Urani.

Os pilotis da PUC proporcionavam uma integração entre os estudantes, segundo Urani, era uma oportunidade “de interagir com o cara que fazia história, comunicação, filosofia, direito”, espaço que outras universidades no Brasil têm dificuldade de oferecer:

– Os pilotis eram um espaço em que as pessoas discutiam, trocavam ideias, discordavam, namoravam, eram espaço de sedução, espaço de debates, aquilo era uma delícia – lembrou o economista, que na época de estudante passava o dia no campus, pois cursava duas faculdades, economia de manhã e comunicação social à noite.

Segundo o economista, a PUC foi uma grande escola, ali ele descobriu o prazer de estudar. O fato de se ter uma universidade “de verdade”, para ele, abre a cabeça do estudante. Urani conta que não só descobriu o prazer de estudar economia, mas descobriu Nietzsche, o cinema, a política, descobriu Freud. A presença de seus professores foi fundamental, tinha um incentivo a buscar conhecimentos teóricos, pesquisas aplicadas e a tentativa de colocar ideias na prática:

– Não é só uma faculdade, você não está preso na fronteira da sua disciplina, você pode interagir com pessoas que enxergam o mundo com lentes diferentes, com olhos diferentes – afirmou Urani. – Na PUC, você não reproduz, mas produz pensamento – completou.

 

Portal PUC-Rio Digital

por Stéphanie Saramago

 

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