Decisões de endividamento de empresas brasileiras: são persistentes ou transitórias?
Orientador(a): Walter Novaes
Banca: Marcelo Medeiros, Márcio Garcia.Desde o trabalho seminal de Modigliani e Miller (1961) muito se aprendeu sobre as decisões de endividamento corporativas. Tipicamente, empresas maiores e com uma proporção maior de ativos imobilizados são mais endividadas, e as mais lucrativas possuem endividamento mais baixo (Rajan e Zingales, 1995). Lemmon, Roberts e Zender (2008) mostram, porém, que uma parte substancial do endividamento é determinado por características não-observáveis constantes no tempo. A importância dessas características é consistente com a persistência do endividamento das empresas americanas de capital aberto e a sua convergência para alvos que mudam ao longo do tempo.
Será que características não observáveis constantes no tempo também são relevantes para o endividamento das empresas brasileiras? Há razões para crer que não. A economia brasileira é marcada por uma alta volatilidade de fatores macroeconômicos como taxas de juros, taxas de câmbio e inflação. Tal volatilidade talvez magnifique fatores conjunturais a um ponto que solapa fatores mais estruturais das decisões de endividamento. Nesse caso, a documentada convergência do endividamento alvo das empresas americanas pode simplesmente não existir no Brasil.
Esta dissertação mostra que, assim como nos Estados Unidos, as variáveis não observáveis constantes no tempo explicam uma parte considerável do endividamento das empresas brasileiras. Além disso, a ordenação das empresas por endividamento é persistente ao longo do tempo: as empresas mais endividadas de 1994 tendem a permanecer entre as mais endividadas de 2015, e as menos endividadas de 1994 tendem a permanecer entre as menos endividadas de 2015.
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